Dados do Trabalho

Título

Farmacoeconomia no Programa de Gerenciamento de Antimicrobianos: Eficiência da Terapia Sequencial Oral

Introdução

O Programa de Gerenciamento de Antimicrobianos (PGA) é um recurso para promover e conscientizar o uso racional de antimicrobianos na saúde, visto que a seleção de microrganismos multirresistentes está se propagando cada vez mais no mundo. Uma das ações da farmácia clínica no PGA são as mudanças de antimicrobiano intravenoso (IV) para via oral (VO), trazendo benefícios aos pacientes como a redução de tempo de internação hospitalar, retirada precoce de cateter venoso e redução de custos hospitalares [1,2].

Objetivo

Contabilizar e mensurar a diferença de custo dos antimicrobiano a partir das intervenções de terapia sequencial oral.

Material e Método

Análise retrospectiva das intervenções de terapia sequencial de antimicrobianos realizados no período de janeiro a dezembro 2023 pelos farmacêuticos clínicos e medicas infectologistas do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) de um hospital privado em São Paulo. Para a coleta dos dados foram utilizados relatórios extraídos do prontuário eletrônico do Sistema de Gestão em Saúde Philips Tasy. A partir desses relatórios foram selecionadas as intervenções de terapia sequencial aceitas pela equipe médica assistente. Foi contabilizado o valor em reais do tratamento IV considerando os valores dos frascos de antimicrobianos mais o valor dos insumos (kit de infusão – agulha, seringa, equipo e diluente apropriado para cada medicamento). Para calcular a diferença do custo da terapia sequencial em cada intervenção foi utilizado o programa de computador Microsoft Excel aplicando a formula: [(valor de uma dose do tratamento IV X quantidade total que utilizaria sem a intervenção) – (valor do comprimido X quantidade total dispensada de comprimidos após a intervenção)].

Resultados

Foram 89 intervenções aceitas de terapia sequencial oral, que resultaram em uma diferença de custo de R$ 13.854,86 no ano de 2023. Dentro do valor total referido, destaca-se o antimicrobiano azitromicina, com 57% das intervenções realizadas, que representa R$ 9.925,08. Os demais antimicrobianos avaliados (aciclovir, amoxilina-clavulanato, cefepima, ceftriaxona, claritromicina, clindamicina, ciprofloxacino, metronidazol, levofloxacino, oxaciina e sulfametoxazol-trimetoprima) somados obtiveram uma diferença de custo de R$ 3.623,49.

Conclusões

Observou-se que há oportunidades de melhorias junto à equipe médica assistencial em relação à aceitação das intervenções de terapia sequencial oral de antimicrobianos. Nota-se que a azitromicina tem um maior número de intervenções aceitas, provavelmente devido à transição IV para VO ser mais estável, pois tem a mesma equivalência de dosagem e o mesmo tempo de tratamento pré-determinado na maioria dos casos. A educação continuada com equipes de farmácia clínica e equipe médica é essencial neste processo [2,3].

Palavras chaves

Gestão de Antimicrobianos, Anti-Infecciosos, Farmacoeconomia

Referências Bibliográficas

1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Brasil). Diretriz Nacional para Elaboração de Programas de Gerenciamento de Antimicrobianos em Serviços de Saúde. Brasilia, DF, 2023.
2. Fatma Sevinç, Jan M. Prins, Richard P. Koopmans, Pim N. J. Langendijk, Patrick M. Bossuyt, Jaap Dankert, Peter Speelman, Early switch from intravenous to oral antibiotics: guidelines and implementation in a large teaching hospital, Journal of Antimicrobial Chemotherapy, Volume 43, Issue 4, April 1999, Pages 601–606, https://doi.org/10.1093/jac/43.4.601
3. Debra A. Goff, Karri A. Bauer, Erica E. Reed, Kurt B. Stevenson, Jeremy J. Taylor, Jessica E. West, Is the “Low-Hanging Fruit” Worth Picking for Antimicrobial Stewardship Programs?, Clinical Infectious Diseases, Volume 55, Issue 4, 15 August 2012, Pages 587–592, https://doi.org/10.1093/cid/cis494