Dados do Trabalho
Título
PERFIL DE TRATAMENTO E CUSTOS DA JORNADA DO CÂNCER DE MAMA EM UMA OPERADORA DE SAÚDE: UMA ANÁLISE DE MUNDO REAL
Introdução
O tratamento do câncer de mama é um desafio clínico e econômico para o sistema de saúde brasileiro, devido à complexidade da doença e dos tratamentos, destacando a necessidade de estratégias eficazes de gestão de custos.
Objetivo
Este estudo analisou a mudança nos tratamentos de câncer de mama, na perspectiva da Saúde Suplementar brasileira
Material e Método
Estudo quantitativo, retrospectivo e descritivo, baseado em dados de pagamentos dos tratamentos de câncer de mama de 2019 a 2022, extraídos anonimamente do sistema informatizado da Operadora de Saúde do sul do Brasil com mais de 600 mil beneficiários. Foram avaliados a incidência, o tempo médio até a modificação da terapia e os custos por ano de tratamento.
Resultados
Foram avaliados 1643 beneficiários (média de idade de 57,72 anos), com incidência média anual de 410,75. A Média de eventos por mês por beneficiário foi de 3,8, mantendo este perfil de consumo nos quatro anos estudados (p>0,05). A hormonioterapia (média: 52,55%) e quimioterapia (QT) (28,55%) foram os tratamentos iniciais mais prevalentes. Anastrozol (19,8%), tamoxifeno (18,3%) e letrozol (6,32%) foram hormônios mais usados; ciclofosfamida com doxorrubicina (16,72%) e ciclofosfamida com docetaxel (21,2%) foram as combinações de QT comuns. A média de duração do tratamento até a primeira modificação foi de 3,95 meses, sem diferença estatística entre os anos (p<0,05). As mudanças frequentes de terapia, principalmente de QT para outra QT (17,57%) e de hormonioterapia para outra (7,42%). As classes terapêuticas e medicamentos mais usados no fim da jornada incluíram hormonioterapia (48,67%), com destaque para tamoxifeno (21,63%) e anastrozol (13,30%), quimioterapia (25,40%), com paclitaxel (7,20%), e terapia alvo (8,67%), com trastuzumabe (4,6%) e pertuzumabe em combinação (4,13%), especialmente em tratamentos para metástase (7,37%). Último tratamento teve duração média de 11,3 meses. No primeiro ano, o custo total médio das jornadas iniciadas em 2019 foi de R$30,7 mil por beneficiário (n=411), total de R$ 12.609.254,00. O segundo ano teve um aumento médio de 33,8% nos custos, mas o terceiro ano mostrou uma redução de 45,1%. Em 2022, 34,5% dos beneficiários que iniciaram o tratamento em 2019 o interromperam e os que não interromperam tiveram um ticket médio de R$ 111 mil.
Conclusões
Os resultados mostram que o tratamento do câncer de mama é complexo e caro, especialmente nos primeiros anos. A prevalência de hormonioterapia e quimioterapia iniciais e as mudanças frequentes de terapia refletem a variabilidade na resposta e a resistência dos pacientes. Os altos custos iniciais destacam a necessidade de estratégias eficazes de gestão, especialmente para medicamentos caros como Trastuzumabe e Pertuzumabe. A análise enfatiza a importância da personalização dos tratamentos e do acompanhamento contínuo para otimizar resultados e gerenciar custos.
Palavras chaves
Hormonioterapia, Quimioterapia, Câncer de mama, Análise de Custos
Referências Bibliográficas
1. Ibarrondo O, Lizeaga G, Martínez-Llorente JM, Larrañaga I, Soto-Gordoa M, Álvarez-López I. Health care costs of breast, prostate, colorectal and lung cancer care by clinical stage and cost component. Gac Sanit. 2022 May;36(3):246–52.
2. Waks AG, Winer EP. Breast Cancer Treatment. JAMA. 2019 Jan 22;321(3):288.
Área
Gestão
Autores
Harli Pasquini-Netto, Beatriz Böger, Jolline Lind, Anne Karine Bosetto Fiebrantz, Bianca Fontana Aguiar, Guilherme Souza Ribeiro, Jaime Luis Lopes Rocha